quinta-feira, 18 de setembro de 2014

16 e 17 de Agosto - Ítacaventura - Córsega e Sardenha

A saída de um B&B, como geralmente de um hotel ou mesmo de um parque de campismo, nunca corre bem tal como o cliente gostaria. Ali em Cágliari não foi excepção porque a Vera e o Marreiros não puderam, dado o atraso do avião, chegar e dormir antes das quatro da manhã e foram forçados a acordar poucas horas depois, para cumpriro horário do pequeno B&B: 10.00h.

As camas não eram más mas o pequeno-almoço era bastante minimalista. Nada de especialmente mau, nada de especialmente bom, mas nada, mesmo nada, comparado com a bolonhesa que ainda ficou para mim e para o J. Oliveira.

Não conhecíamos praticamente nada da ilha, mas o simpático proprietário do B&B apontou-nos algumas soluções e destacou algumas regiões do litoral da ilha. Chia, por exemplo, a pouco mais de 60km de Cágliari, foi uma das sugestões. Todo o litoral da ilha, principalmente as encostas a Ocidente, é esplêndido e está repleto de pequenas baías e praias. A densidade de tráfego automóvel não é insuportável, apesar de mais intensa nas horas de ida e de saída das praias. Existe bastante movimento turístico, dominantemente italiana que não contrasta visivelmente com o regionalismo que, apesar de não ser agressivo, se manifesta ainda assim em diversos locais, quer pela presença da bandeira com as quatro cabeças de chefes mouros, quer por uma ou outra inscrição independentista.

A Vera já não conheceu as pequenas ruas de Cágliari, porque saímos cedo da cidade, rolando calmamente por um trajecto escolhido para nos mostrar tanto o interior como o litoral da ilha. A orografia da ilha e as estradas são particularmente bonitas junto à costa, mas a componente histórica das ocupações humanas prévias é uma constante nas zonas costeiras ou interiores, sejam montanhosas ou de planície. O “nuraghe”, “nurági” ou o povo nurágico, conforme as várias designações, é o povo nativo da Sardenha que ergue uma civilização após outros povos menos organizados e com tecnologias muito mais rudimentares. Vários vestígios pré-nurágicos e nurágicos se podem visitar por toda a ilha e existem muitos locais de interesse arqueológico também relacionado com as ocupações posteriores.

O percurso de 16 de Agosto rumou de Cágliari a norte, passando por pequenos povoados atravessando a planície sem paragens dignas de nota. Pouco a Norte da latitude de Sant’Antioco e já próximos do mar, virámos a Sul para conhecer a pequena ilha de ponta a ponta. Aí aprendemos sobre a presença Espanhola na ilha, que a deixou salpicada de torres de vigia. Consta que Espanha levou mais do que lá deixou. Em Sant’Antioco o almoço não foi diferente do que já vinha sendo habitual, num banco de jardim com umas latas de Jchnusa, que, como já referi é a cerveja local, e cujo nome é nada mais nada menos do que o nome fenício da Sardenha. A ilha foi percorrida por estradas secundárias, infelizmente curtas porque Sant’Antioco é minúsculo. Tem, no entanto, vastos conjuntos de interesse arqueológico e percursos culturais identificados que, apesar de não terem sido visitados pela Ítaca, são cativantes e certamente relevantes. De Sant’Antioco, as três motos voltaram a apontar para Leste, rumo a Chia.

Aí chegados, o parque de campismo é uma das principais infra-estruturas turísticas da localidade e é mesmo aí que ficamos. Ver a praia, ver o bar. Comprar o jantar. Antes disso, mas depois de montar as tendas mesmo junto a uma das praias mais próximas, foi tempo de um merecido descanso com direito a experimentar as únicas batatas fritas com sabor a frango assado como acompanhamento de uma bebida fresca.

O dia seguinte foi passado, tranquilamente, na praia de Chia e à noite fomos conhecer o bar mais próximo. Pouco depois, arrancava para Cágliari de novo, perto das 23.00 para ir buscar a Diana que vinha de San Sebastian nesse mesmo dia, via aérea. Chegou a horas o voo da Vuelling e limpou um pouco a má imagem que a companhia tinha deixado nos dias anteriores. A Diana juntou-se a nós em Chia e ainda teve oportunidade de conhecer a animação nocturna do parque de campismo, experimentar a Jchnusa logo na sua primeira noite e comer uma tosta mista pré-fabricada no bar do parque. No dia seguinte, poucas horas nos restaram para partir, mas foi ainda suficiente para, depois de arrumar o material e preparar as motos, espreitar de novo a praia, para a Diana a conhecer, porque os restantes já tinham experimentado as águas quentes e cristalinas onde, com os óculos de mergulho que o J. Oliveira tinha levado, passámos largas horas a nadar.

1 comentário:

  1. Há idades em que tudo nos é permitido: até comer bolonhesa ao pequeno almoço...
    Saudades desses tempos, vividos tão intensamente. :)

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