segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dia 22 de Agosto - Córsega, Sardenha e Espanha - 2014

No primeiro dia que tivemos inteiro na "Ilha da Beleza", escolhemos partir rumo a Corté, a quarta maior cidade da Córsega. Encaixada num pequeno cume e com a habitual aparência quase medieval, a cidade tem belas vistas sobre o Parque Natural, dentro do qual rolámos 77km de estradas perfeitas.

A Córsega é toda cuidada, desde as estradas às bermas e às florestas circundantes. Tal é a sensação com que o visitante fica. A ilha é limpa, tal como é a generalidade das localidades, onde se pode incluir a capital, apesar do número elevado de pessoas que por ali passeia em Agosto. O trânsito é bastante desafogado e fluído em praticamente todas as regiões, mesmo perto da costa e das praias. Ajaccio será a justificada excepção, do que percebemos e, mesmo para quem vai de moto, não se aconselha a hora de ponta na estrada. As estradas ao longo de todas as regiões da ilha estão devidamente pavimentadas, salvo se forem de facto estradas não utilizadas. O itinerário regular, principal e secundário é muito seguro, limpo e de asfalto relativamente recente. Os rails estão integralmente protegidos, geralmente por madeira.

No regresso de Corté para Ajaccio, as motos entraram por dentro do Parque Natural novamente, por dentro de uma região florestal ainda mais exuberante, com vegetação muito frondosa e com a vida selvagem bem à vista, principalmente os porcos que pela berma das estradas comiam e passeavam em liberdade. Algures a meio do caminho, junto a um fundo vale, encontrámos uma referência a piscinas naturais que desconhecíamos ali existir. O vale cai a pique para um leito de um pequeno rio (pelo menos assim é em Agosto) e as encostas ainda guardam vestígios de abrasão pela água de cascatas de inverno ou mesmo de eras passadas. É toda uma imensidão de beleza capaz de fascinar o motociclista e o geólogo que não deixa de ser este viajante e que certamente muito chateou os restantes com as explicações sobre a geologia maravilhosa da ilha.

Estava calor junto a encosta esquerda do Col de Vergio, por onde rolávamos e por onde, tal como nós, vários outros motociclistas faziam o mesmo. A ideia de uma piscina natural no meio da floresta e da montanha chamou-nos a percorrer alguns metros da vertente, ao longo dos quais a temperatura se ia tornando mais fresca. A vegetação densa era interrompida por alguns afloramentos do que julgo recordar ser um granito claro e, mais abaixo, sobre o granito, corria um límpido rio, com cascatas várias, fazendo um recanto de beleza ímpar ao longo do trajecto deste dia 22 de Agosto de 2014.

Os peixes, as pedras, as folhas caídas de árvores que estendiam os galhos sobre o rio, tinham os contornos perfeitamente definidos independentemente da profundidade a que se encontrassem. Cada pequena pedra era tão visível como se entre nós e essa pedra não existisse uma gota de água. A água convidava, principalmente porque, apesar de ser já meio da tarde, o calor ainda era algo intenso. Todavia, ao mergulhar, a água gélida tornava difícil ficar durante muito tempo dentro das piscinas. Era contudo uma perfeita combinação entre rocha e água e a sol. Estendemo-nos, nadámos, mergulhámos, sentimos cair a água da cascata sobre os nossos ombros e dorsos tal como segundos depois o sol nos secou. Não foi muito o tempo que por ali ficámos, mas foi o suficiente para tornar ainda mais forte o deslumbramento que esta ilha nos provocava e ainda provoca.

A caminho de Ajaccio novamente. E chegados ainda lanchámos na areia da grande baía que orla o poente da cidade. Depois pudemos ainda percorrer as pequenas vielas da capital, ver as gentes, aos milhares, espalhadas pelos restaurantes e bares. Uma vez mais, sentar numa esplanada e desfrutar a fabulosa cerveja Pietra, mesmo ao lado de uma casa de venda de navalhas artesanais. Pelos vistos, as navalhas artesanais são uma das peças de artesanato característico francês e corso e essa peças pode ascender a vários milhares de euros, de acordo com o artesão e os materiais e desenho. Ali, mesmo ao nosso lado, dir-se-ia que estava uma cara ourivesaria, mas era afinal uma casa que vendia facas num bonito largo em Ajaccio.









quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Dia 21 de Agosto, Córsega e Sardenha, Ítacaventura 2014

Não podíamos partir sem dar um mergulho na praia que tínhamos perto do parque de campismo, 10 minutos a pé. E para além de águas quentes e muito vento, conhecemos Durou, senegalês residente em Lisboa, que há 10 anos durante o verão vem vender vestidos e outros adereços nesta praia da Sardenha, e que durante o resto do ano faz o mesmo na capital portuguesa - e aos fins de semana o circuito é pelos restaurantes de Setúbal. O mundo é mesmo pequeno!

Saímos por volta da hora de almoço em direcção ao ferry, em Santa Teresa di Gallura. Conseguimos lugar no barco das 15h00, e uma hora depois desembarcámos em Bonifácio, já na Córsega.


As diferenças entre ilhas fizeram-se logo sentir: na estrada, os automobilistas quase que automaticamente encostam-se à berma na aproximação de um motociclista, prática típica também em França. O preço da gasolina também acompanha o daquele país, conseguindo-se por 1,56€ o litro - um contraste significativo com a Sardenha. E o resto são as cidades, vilas e aldeias, assim como a beleza natural, que nos assombram e apaixonam desde o primeiro minuto. O acolhimento, esse, continua sempre afável e simpático, mas mais fáceis de entender!


A arquitectura, a paisagem, as estradas, tudo está cuidado e agradável. A comida é agradável e a vegetação é exuberante. Parece que mudámos de local para uma parte distante do globo e afinal subimos dois ou três graus de latitude.

Seguimos directos de Bonifácio para Sarténe, pequena terra um pouco para o interior, e depois rumo à costa, para Ajaccio.


A 10 km da capital encontrámos o parque de campismo que foi a nossa opção para passar as próximas duas noites.

Apesar de alguma confusão perto da zona central da cidade, a capital é uma cidade bela junto ao mar, com uma baía de água quente que faza de praia urbana ao longo de uma enorme marginal onde ainda existe a citadela. 

Como primeira abordagem, tudo nesta ilha parece virado para este tipo de viagem, e a quantidade de motas que encontrámos no caminho acaba por comprovar isso mesmo.