A saída de um B&B, como geralmente de um
hotel ou mesmo de um parque de campismo, nunca corre bem tal como o cliente
gostaria. Ali em Cágliari não foi excepção porque a Vera e o Marreiros não puderam,
dado o atraso do avião, chegar e dormir antes das quatro da manhã e foram
forçados a acordar poucas horas depois, para cumpriro horário do pequeno
B&B: 10.00h.
As camas não eram más mas o pequeno-almoço
era bastante minimalista. Nada de especialmente mau, nada de especialmente bom,
mas nada, mesmo nada, comparado com a bolonhesa que ainda ficou para mim e para
o J. Oliveira.
Não conhecíamos praticamente nada da ilha,
mas o simpático proprietário do B&B apontou-nos algumas soluções e destacou
algumas regiões do litoral da ilha. Chia, por exemplo, a pouco mais de 60km de
Cágliari, foi uma das sugestões. Todo o litoral da ilha, principalmente as
encostas a Ocidente, é esplêndido e está repleto de pequenas baías e praias. A
densidade de tráfego automóvel não é insuportável, apesar de mais intensa nas
horas de ida e de saída das praias. Existe bastante movimento turístico,
dominantemente italiana que não contrasta visivelmente com o regionalismo que,
apesar de não ser agressivo, se manifesta ainda assim em diversos locais, quer
pela presença da bandeira com as quatro cabeças de chefes mouros, quer por uma
ou outra inscrição independentista.
A Vera já não conheceu as pequenas ruas de
Cágliari, porque saímos cedo da cidade, rolando calmamente por um trajecto
escolhido para nos mostrar tanto o interior como o litoral da ilha. A orografia
da ilha e as estradas são particularmente bonitas junto à costa, mas a
componente histórica das ocupações humanas prévias é uma constante nas zonas
costeiras ou interiores, sejam montanhosas ou de planície. O “nuraghe”, “nurági”
ou o povo nurágico, conforme as várias designações, é o povo nativo da Sardenha
que ergue uma civilização após outros povos menos organizados e com tecnologias
muito mais rudimentares. Vários vestígios pré-nurágicos e nurágicos se podem
visitar por toda a ilha e existem muitos locais de interesse arqueológico também
relacionado com as ocupações posteriores.
O percurso de 16 de Agosto rumou de Cágliari
a norte, passando por pequenos povoados atravessando a planície sem paragens
dignas de nota. Pouco a Norte da latitude de Sant’Antioco e já próximos do mar,
virámos a Sul para conhecer a pequena ilha de ponta a ponta. Aí aprendemos
sobre a presença Espanhola na ilha, que a deixou salpicada de torres de vigia.
Consta que Espanha levou mais do que lá deixou. Em Sant’Antioco o almoço não
foi diferente do que já vinha sendo habitual, num banco de jardim com umas
latas de Jchnusa, que, como já referi é a cerveja local, e cujo nome é nada
mais nada menos do que o nome fenício da Sardenha. A ilha foi percorrida por
estradas secundárias, infelizmente curtas porque Sant’Antioco é minúsculo. Tem,
no entanto, vastos conjuntos de interesse arqueológico e percursos culturais
identificados que, apesar de não terem sido visitados pela Ítaca, são
cativantes e certamente relevantes. De Sant’Antioco, as três motos voltaram a
apontar para Leste, rumo a Chia.
Aí chegados, o parque de campismo é uma das
principais infra-estruturas turísticas da localidade e é mesmo aí que ficamos.
Ver a praia, ver o bar. Comprar o jantar. Antes disso, mas depois de montar as
tendas mesmo junto a uma das praias mais próximas, foi tempo de um merecido
descanso com direito a experimentar as únicas batatas fritas com sabor a frango
assado como acompanhamento de uma bebida fresca.
O dia seguinte foi passado, tranquilamente,
na praia de Chia e à noite fomos conhecer o bar mais próximo. Pouco depois,
arrancava para Cágliari de novo, perto das 23.00 para ir buscar a Diana que
vinha de San Sebastian nesse mesmo dia, via aérea. Chegou a horas o voo da Vuelling
e limpou um pouco a má imagem que a companhia tinha deixado nos dias
anteriores. A Diana juntou-se a nós em Chia e ainda teve oportunidade de
conhecer a animação nocturna do parque de campismo, experimentar a Jchnusa logo
na sua primeira noite e comer uma tosta mista pré-fabricada no bar do parque.
No dia seguinte, poucas horas nos restaram para partir, mas foi ainda
suficiente para, depois de arrumar o material e preparar as motos, espreitar de
novo a praia, para a Diana a conhecer, porque os restantes já tinham
experimentado as águas quentes e cristalinas onde, com os óculos de mergulho
que o J. Oliveira tinha levado, passámos largas horas a nadar.
Há idades em que tudo nos é permitido: até comer bolonhesa ao pequeno almoço...
ResponderEliminarSaudades desses tempos, vividos tão intensamente. :)