segunda-feira, 27 de abril de 2015
Será a N222 a estrada mais bonita do mundo?
Partimos no dia 1 de Maio em direcção a Nisa, atravessando o Alto Alentejo sempre por estrada nacional. Entramos aí na também muito falada EN2, a qual percorreremos até perto de Mêda, onde dormiremos.
Vamos iniciar a N222 em Vila Nova de Foz Côa, e sabendo de antemão que nada se compara a vivenciar pessoalmente esta experiência, tentaremos transmitir através de texto e fotografia aquilo que distingue estes 200km de estrada.
A viagem terminará no dia 3, partindo de Vila Nova de Gaia rumo ao sul, num total aproximado de 1000kms e tendo percorrido várias regiões deste nosso belo país.
Sigam-nos ou acompanhem-nos, o convite está feito!
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Dias 28 e 29 de Agosto - Córsega e Sardenha - ÍtacAventura
Entrámos na cidade e fomos direitos à Gran Via, onde se situava o hostel que nos iria acolher durante aquela noite. De caminho, passámos vários edifícios que tornam Madrid uma cidade verdadeiramente monumental. Apesar de não termos podido visitar os museus, os mercados, acabámos por ainda poder visitar a baixa comercial e experimentar um restaurante de tapas com umas cañas.
Dormimos e repusemos as energias, deixando as motos a descansar numa garagem do outro lado da Gran Via, mas perto do hostel. No dia seguinte, tanto porque nos apetecia ainda fazer uma volta pela baixa como pelo facto de estar um calor insuportável, decidimos arrancar só após as 14.00. Isso faria com que partíssemos de facto sob grande calor, mas que apenas rolássemos sobre calor intenso durante cerca de 3 horas até chegar a Setúbal.
Por isso, enquanto a Vera e a Diana foram dar uma volta por umas lojas para comprar os recuerdos, eu o João Oliveira e o João Marreiros ficámos numa esplanada à sombra, arranjando o almoço e tomando um café. Pouco depois das duas da tarde, buscámos uma bomba de combustível e tomámos o caminho rumo a Portugal. Ainda ali nos desencontrámos à saída de Madrid para nos tornarmos a encontrar apenas mais adiante numa estação de serviço.
Os dias passaram a correr. As curvas deixadas para trás ficaram felizmente registadas para sempre nas nossas vidas e na máquina fotográfica da Vera. Aprendemos sempre que viajamos. Aprendemos lugares, caminhos, gastronomia, sabores e odores, mas também amigos com quem convivemos praticamente a tempo inteiro. O silêncio das centenas de quilómetros a fio é quebrado para uma pequena discussão, por vezes, para um copo de cerveja com gargalhadas, por outras. E isso faz parte.
A boa disposição não se exige sempre quando estamos entre amigos, mas quando surge é a melhor de todas disposições.
Regressamos ao lugar de sempre: a taifa, na nossa cidade, um bar de amigos. Cansados, de milhares de quilómetros feitos, de tempo sem conta em cima do banco das motos, de música já repetitiva nos auscultadores, mas de sorriso de intacta satisfação. Deixámos o João O. no lugar onde nos tínhamos encontrado para partir, perto de Évora. Ele chegou bem a casa. E nós também.
Dia 27 de Agosto - Córsega e Sardenha - ÍtacAventura 2014
A meia-noite de 26 para 27 de Agosto começou, como já referimos, numa berma escura no norte da Sardenha, onde fizemos uma curta paragem para que me fossem dados os parabés. Todos o fizeram e eu marquei no meu GPS o local perdido para que la possa voltar um dia, quem sabe num outro qualquer aniversário. Acabámos por ter de fazer tempo e, por isso, voltámos a visitar o parque de campismo onde tínhamos ficado quando passámos em direcção à ilha francesa. Não podíamos, contudo, descansar demasiado porque ainda a noite nos reservava alguns quilómetros em direcção a Santa Teresa.
De regresso à estrada após o jantar, acabámos por chegar cedo a Santa Teresa e ter de suportar o frio com umas cervejas no único bar da marginal, talvez o único bar aberto da vila. Não era possível ficar ali até às seis da manhã, nem seria agradável e por isso fomos para o porto de ferries, onde ainda tivemos de esperar algumas horas, dormindo ao frio, no chão junto às motos. Enquanto tentávamos descansar, uma longa fila de gente de viaturas foi crescendo mesmo junto às bilheteiras. Um bar aberto que não chegámos a visitar estava ali como serviço desde cerca das 4 ou 5 da manhã. Assim que possível embarcámos no ferry, estremunhados, cansados e com algum frio. Atámos as motos, com as cintas num dos vários andares de estacionamento do ferry e seguimos com alguma pressa para a sala de dormir, à ré da gigantesca embarcação.
Acordámos já a horas minimamente decentes, tendo em conta as poucas horas de sono. Descobrimos entretanto que o nosso bilhete não dava acesso à sala de dormir, porque comprámos o bilhete mais barato que garante apenas um lugar de convés. Felizmente, descobrimo-lo após termos dormido o suficiente. Depois disso, não voltámos à sala de dormir do barco e acabámos por ficar durante praticamente todo o dia a descansar entre a esplanada com piscina no convés e o lounge bar, onde inúmeras pessoas faziam o mesmo, já que durante o dia não havia karaoke.
Chegámos a Barcelona depois de um dia de sol cruzando o Mediterrâneo e desembarcámos no porto de onde saímos rumo ao pequeno hostel que o Marreiros havia reservado. Antes disso, parámos num supermercado, onde nos perdemos uns dos outros. Estava algo impaciente, meio adoentado e cansado e não consegui contactá-los por telefone, por isso, eu e a Diana fomos rumo ao hostel, enquanto o João Oliveira, o Marreiros e a Vera ficaram a fazer as compras.
Quando nos encontrámos todos no hostel, depois de a Diana ter dado uma queda onde magoou um joelho por ter tropeçado num degrau de inaceitável altura logo à entrada, acabaram por chegar os restantes membros do grupo. O dia chegava ao fim, mas ainda era dia 27 de Agosto. Eles tinham aproveitado o supermercado para comprar a minha prenda, que abrimos logo ali: uma garrafa de gin de topo, cuja marca não tínhamos disponível em Portugal e que deu para uns bons dois copos a cada um. Ainda levei metade para casa dessa garrafa.
Estava cansado, mas ninguém permitiu que eu ficasse no quarto naquele dia, particularmente porque a madrugada havia sido tão violenta. Já a hora algo avançada, metemos para o Barrio Gótico de Barcelona à procura de uma tasquinha onde em 2001 eu tinha comido umas belas patatas bravas. Não encontrámos porque a minha memória não mo permitiu, mas encontrámos um belo restaurante onde vingámos a fome e celebrámos com boa disposição, marisco, cerveja e tapas, o meu 35º aniversário.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Dia 26 de Agosto - Córsega e Sardenha - ÍtacAventura 2014
Depois de conhecermos razoavelmente algumas das estradas daquela região ligeiramente a sul de Bastia e depois de termos batido a costa praticamente toda da ilha, com excepção da região oriental, decidimos sair cedo de Bastia. É verdade que nos mapas a estrada que liga Bastia a Bonifácio parece ser a única estrada da Córsega com rectas, mas como não conhecemos o trajecto nem o fluxo de tráfego, decidimos não arriscar porque o ferry para a Sardenha tem de ser apanhado nesse mesmo dia, pela tarde. No dia seguinte, não podemos mesmo perder o ferry de volta a Barcelona.
Partindo de Bastia pela nacional que atravessa a ilha, começámos logo a perceber que esta era uma estrada muito mais rápida. Os quilómetros nas estradas em que tínhamos rolado até aqui eram longos e demorados e nesta podíamos fazer contas ao tempo de forma quase linear, era possível manter velocidades de 80 a 90 quilómetros horários. Por isso mesmo, apesar de ser uma estrada muito menos panorâmica e interessante que as restantes, possibilitou-nos paragens tranquilas, como a de Porto Vecchio, que, pese o calor, nos deu tempo para descansar um pouco. Os enchidos da ilha, o lonzu, o coppa, a salciccia e o queijo tradicional foram utilizados no pão e deram um almoço belíssimo mesmo antes de passar alguns minutos descansados à sombra, tomando um café numa esplanada mesmo no centro de Porto Vecchio. Depois tornámos à estrada em direcção a Bonifácio. O ferry partia às 20 e isso deixava-nos tempo suficiente para procurar praias próximas dali e voltar um pouco mais tarde para conhecer a pequena vila de Bonifácio que se eleva sobre as enseadas por dentro das muralhas de um antigo forte plantado mesmo no limiar da falésia.
Conhecemos ainda maravilhosas praias, onde mergulhámos e nadámos nas águas cristalinas e tépidas. Deixámos as motos na areia, praticamente junto a nós e aproveitámos os últimos minutos que tínhamos na ilha da Beleza. Deslumbrados.
Bonifácio é muito mais bonito e mais entusiasmamente do que se pode adivinhar quando se chega de ferry pelo pequeno porto. Ao entrar nas muralhas, toda uma cidade antiga se mostra, de ruas estreitas e muito movimentadas, de casas brancas sobre o que julgo recordar ser um substrato de arenito muito claro que se reflecte na cor da muralha e praticamente de toda a vila. Fomos a tempo de beber as últimas Pietra's num tasquinho castiço, de muito bom gosto e com pequena esplanada. Depois embarcámos e fizemos tranquilamente a viagem de regresso. Uma longa noite ainda nos esperava.
Depois de desembarcar, o caminho de volta até Santa Teresa de Gallura era muito difícil. A estrada não estava cuidada e praticamente não tinha sinalização, nem sequer marcações. A humidade prejudicava a visibilidade e rolávamos muito devagar. Uma estrada a evitar pelas horas de escuridão, sempre que possível. Ainda assim, quando o relógio deu a meia-noite e o dia mudou para 27 de Agosto, parámos para que todos, sob o céu estrelado da Sardenha, me pudessem dar os parabéns. Foi um momento memorável, apesar de não podermos parar para festejar. Passámos uma noite com frio, num bar, depois dormimos no chão junto ao porto de ferries, até que pudéssemos embarcar para uma nova jornada pelo Mediterrâneo, mas Barcelona estava já ali, 12 horas depois.
Dia 25 de Agosto - Córsega e Sardenha - ÍtacAventura 2014
No dia 25 de Agosto, acabámos por ficar perto do Lido de Marana, de forma a poder deixar tudo do Parque de Campismo. Na verdade, o Campismo à beira do mar e as suas óptimas condições, ter-nos-iam feito ficar no parque todo o dia, se não fosse o João Oliveira e a sua curiosidade para ir explorar os arredores. Tinha visto que nas montanhas ali perto havia algumas aldeias históricas e uns percursos em estradas pitorescas.
O parque ficava numa bonita e longa praia, que se estendia para norte até Bastia. Tinha boas condições de acesso à internet por wifi gratuito e havia bar. Era portanto bastante convidativo a um dia de paragem só para descansar. Mas lá pegámos nas motos, deixando ficar a Vera e a Diana no parque e arrancámos para a montanha a Oeste. O que era para ser uma pequena volta, tornou-se num longo passeio de 177 km pelas estradas estreitas e cheias de curvas da zona oriental da Córsega. As pequenas aldeias iam surgindo por entre as florestas e por vezes quase entre nuvens porque o dia estava nublado e sempre a ameaçar chover.
Ponte Leccia, A Porta, Croce, Piedicroce foram as principais aldeias encontradas neste trajecto não planificado. As casas em pedra e as aldeias limpas e cuidadas são uma característica da ilha. Todos os cantos parecem preservar a sua linha original e a maior parte das aldeias e cidades é florida. Além disso, do cuidado, nota-se um cuidado no ordenamento para não perturbar a base e a arquitectura dominante. Nesse dia, passámos nas ruínas de um Mosteiro que serviu de local de reunião entre Napoleão e Paoli, um líder do movimento de independência da Córsega que terá sido importante no breve espaço de tempo em que essa indepedência existiu e a Córsega se libertou da França, tendo uma Constituição própria. Talvez por ser um importante edifício e marco que projecta a luta pela liberdade na ilha, a França tenha deixado o mosteiro em ruína sem qualquer cuidado. Uma placa explica sucintamente a proclamação da constituição republicana da Córsega e a luta pela independência e o resto é apenas uma sombra do que outrora terá certamente sido um magnífico mosteiro.
Ao fim do dia, de volta ao parque após ter parado numa charcutaria para comprar alguns enchidos corsos, ainda fizemos algumas compras de lembranças na loja de recordações, nos enchidos e nos vinhos.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Dia 24 de Agosto - Córsega e Sardenha - ÍtacAventura 2014
A partida de Calvi foi pouco antes da hora do almoço e o objectivo era percorrer toda a estrada litoral da ilha. A Córsega-Norte tem menos interesse paisagístico que a Córsega-Sul, o que também se deve à alteração da Geologia e ao facto de a encosta da ilha estar maioritariamente virada a norte e leste, ao contrário do que tínhamos visitado até aqui. Contudo, não pode dizer-se que não seja um passeio também ele merecedor de qualquer viagem de moto.
O Marreiros e o João Oliveira percorreram os quilómetros todos. Contudo, eu e a Diana, separámos-nos deles pouco depois de L'île Rousse, que fica perto do local à beira-mar onde almoçámos as sandes preparadas no campismo. Perto da vila Patrimoniu, conhecida pelos vinhos, eles seguiram para o cabo norte da ilha e eu segui para Bastia.
A entrada em Bastia é muito diferente de tudo o resto que se viu até aqui. Prédios decrépitos, casa velhas, com ar de descuido, paredes peladas, quase sem tinta e ruas menos cuidadas. Ainda assim, é uma cidade muito bonita, com baías e um posicionamento geográfico muito interessantes, no sopé de uma encosta para o mar. A vegetação é menos densa e mais rente, mas logo após Bastia, no Lido de Marana, tudo volta a estar muito cuidado e limpo. Um parque de campismo aí mesmo, com todos os serviços e com um supermercado no seu interior, implantado na beira de uma praia virada a leste, de águas quentes e um pouco mais picadas que as restantes até aqui.
No dia seguinte, a envolvente, a região montanhosa e algumas aldeias serranas serão visitadas por mim, pelo Marreiros e pelo João Oliveira. As meninas ficaram a descansar no magnífico parque de campismo.
Dia 23 de Agosto - Córsega e Sardenha - ÍtacAventura 2014
Iniciámos o dia já conquistados pela Córsega. População amigável. Cerveja deliciosa e uma gastronomia típica visível em todo o lado. A Córsega tem características muito próprias, de todos os pontos de vista. Do ponto de vista da natureza, a sua geologia, morfologia e biologia são deslumbrantes, tal como cobertura vegetal e as baías com praias ou magníficas enseadas e falésias. Há montanhas que se elevam a várias centenas de metros de altitude. Do ponto de vista da actividade desportiva, há-a para todos os gostos, sendo particularmente divulgada por esta altura a relacionada com desportos na natureza e desportos de aventura. Canyoning, canoagem, montanhismo, caminhada, entre outros, são muito visíveis pela ilha. O sentimento popular, apesar de não termos tido oportunidade de conhecer em profundidade, também aparenta ser caracterizado por hábitos mais característicos que regiões meramente turísticas. Há uma vivência regional, de facto, traduzida nos produtos tradicionais e nas práticas gastronómicas, bem como num certo regionalismo e orgulho corso, também certamente relacionado com a longa luta dos corsos pela independência.
Começámos o dia 23 numa Decathlon para comprar uns remendos para um dos nossos colchões insufláveis e depois arrancámos rumo ao norte, cruzando o maciço granítico, pleno de afloramentos de grandes superfícies rochosas. Apesar de todo o maciço ser granítico, tal como todo o maciço ocidental da Córsega, existe uma extraordinária variedade na vegetação e nas características dos afloramentos. De rocha clara e cinza a um rosa fundo, quase vermelho, passando por regiões de rocha mais escura, há uma hibridização notável da rocha magmática. Isso mesmo gera paisagens absolutamente únicas. Quando a estrada se aproxima do mar, a paisagem toma-nos. A montanha lança-se ao mar, o mediterrâneo mostra-se em todo o seu esplendor, nas águas límpidas, os ventos quentes, algumas encostas suaves, algumas escarpas e isso tudo se combina de forma sublime num conjunto em que o viajante se sente constantemente tentado a encostar para fruir, para captar o momento. As águas límpidas, de um azul inesquecível rodeiam toda a ilha, tal como faziam na Sardenha e são um convite permanente à praia.
Nesse caminho, atravessam-se inúmeras aldeias e pequenas vilas, algumas delas situadas em locais de rara beleza. Piana, uma das mais belas aldeias francesas, fica neste troço de estrada e é um local incontornável para quem viaja perto de Porto-Ota. Ao entrar na região de Ota, em direcção a Porto, a rocha torna-se cor-de-rosa e tem imensos afloramentos. A estrada, muitas vezes, é cavada por entre blocos. A paisagem é única. Descer para Porto, leva-nos por uma estrada lenta, com muitas curvas apertadas e muito estreita, sem bermas, mas rodeada por rocha, como se entre paredes ou entre a parede e o precipício, em alguns troços. A placa de "Património da Humanidade" vê-se ao chegar à região da baía de Porto-Ota.
Lá em baixo, junto a um pequeníssimo porto, um muro separa a aldeia do mar. Alguns pequenos hóteis e esplanadas estão encaixados na encosta sem se imporem além do necessário. É uma paisagem e um local de privilégio. Almoçámos junto às motos, sobre o muro. Tomámos o café numa das esplanadas, com uma temperatura perfeita. Nenhum hotel se atreve a não usar o "parque de motos" como atractivo e percebe-se porquê. Há muitas motos e muito mototurismo na Córsega.
De Porto-Ota para Calvi, pela linha de costa ou próximo. Infelizmente, não pudemos conhecer tão bem quanto gostaríamos esta que é uma cidade de significativa dimensão, nem a sua citadela, porque o tempo é de certa forma apertado. Ficámos num Parque de Campismo sobre a Baía de Calvi.